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Ronaldo Caiado relativiza ditadura e diz que período “teve restrições”

Político evitou classificar de forma direta o regime instaurado entre 1964 e 1985 como uma ditadura

Ronaldo Caiado relativiza ditadura e diz que período "teve restrições" regime instaurado entre 1964 e 1985 como uma ditadura
Foto: Divulgação

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), relativizou a ditadura ao comentar sobre o regime militar, afirmando que o período “teve restrições”. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (9). Pré-candidato à Presidência da República em 2026, o político evitou classificar de forma direta o regime instaurado entre 1964 e 1985 como uma ditadura.

Questionado se houve de fato uma ditadura militar, Caiado evitou responder diretamente e argumentou que o contexto da época precisa ser analisado sob a ótica de 1964, ano em que ocorreu o golpe militar. Segundo ele, o governo João Goulart (PTB) teria rompido com a ordem nacional, o que teria motivado a ação dos militares.

“O momento teve restrições por atos constitucionais (sic), o AI-5, AI-6, 7, 8, em um período em que aconteceram barbaridades”, disse o governador. Ele defendeu que é preciso olhar para o ado “com os olhos de 1964”, mas não explicou o que isso quer dizer.

Durante a entrevista, Ronaldo Caiado também alegou que a crise institucional teria começado com a renúncia de Jânio Quadros (PTN) em 1961 e a chegada de João Goulart ao poder. Segundo ele, Goulart tentou estatizar as terras e causou uma “tensão social”, o que teria provocado reações em todo o país.

“Foram situações criadas e que provocaram todo esse processo de reação, e que nós viemos para a anistia plena, geral e irrestrita; de um lado havia os militares que praticavam arbitrariedades, e do outro, comandos que praticavam crimes de terrorismo”, afirmou o governador.

Apesar da tentativa de relativizar o período da ditadura, Caiado concluiu dizendo que não há mais espaço para o retorno de práticas autoritárias no Brasil. “Isso jamais será reproduzido no país, não tem espaço”, finalizou.

Regime militar

O regime militar (1964-1985) teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento. Os números da repressão são pouco precisos, já que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.000 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.

Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade listou 191 mortos e 210 desaparecidos pela ditadura. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas.

*Com informações da Folha de São Paulo